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HISTÓRIA - UM GÊNIO

O primeiro carro nacional e produzido em Jaboticabal

Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo; (Arquimedes)

Joaquim Garcia foi pioneiro, audacioso, um homem à frente do seu tempo. O seu jeito gênio de ser não veio dos grandes estudos técnicos ou formação, mas de uma inteligência rara que fez daquele homem, na década de 50 projetar, fabricar e colocar nas rodovias do país o primeiro carro produzido no Brasil. Seu conhecimento, na prática, com a mecânica e a marcenaria, fizeram ir longe, mais longe do que ele mesmo imaginava.

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“De Joagar..... se vai mais longe!”

Joaquim Garcia construiu com muito dinamismo o primeiro carro brasileiro. Iniciou o projeto de um motor a gasolina, para o qual fundiu o bloco e fabricou manivela e bielas. A primeira construção foi de um motor de bicicleta, outro com linhas aerodinâmicas, com teste em um estilo minijipe.
Nasce a construção de um automóvel, após um ano de trabalho. Com dois lugares, duas portas, o motor evoluiu para duas outras unidades, com dois cilindros e dois tempos, patenteadas no início de 1956, um refrigerado a água, com 756 cm3 e 20 cavalos, e o segundo refrigerado a ar, com 802 cm3 e 22 cavalos.
Com quase cem por cento de peças brasileiras, como caixa de câmbio, diferencial, suspensão, chassis e carroceria. Apenas o radiador, vidros, velas, pneus e aros não foram fabricados na oficina em Jaboticabal, o Joagar tomou as ruas da cidade e fez sua primeira viagem com todo o sucesso para o litoral, em Santos.
Durante três anos de projetos e muito trabalho, Joaquim Garcia faz mais uma versão, com um modelo diferenciado, estilo perua, com quatro lugares, quatro tempos, quatro cilindros e refrigerado a ar, sendo realizado nas características de um motor continental, utilizado em aviões.
Como a grande mídia disse na época: “com uma bela frente, onde aparece o nome JOAGAR”. Com o desejo de produzir mais unidades, Joaquim Garcia solicita uma audiência com o Presidente da República, Jucelino Kubisheck. Na oportunidade, Joaquim leva o Joagar até o Rio de Janeiro, em audiência no Palácio das Laranjeiras, apresentou os detalhes e a possibilidade de produção de 20 veículos por mês.
De acordo com registros, o carro brasileiro poderia ser vendido a 20 mil cruzeiros “Trata-se de uma louvável experiência que poderia concorrer para o início da indústria de automóveis no Brasil”, assim era a importância da criação para a mídia brasileira. A segunda versão, uma caminhonete com carroceria construída a mão pelo escultor Luis Noguer, recebeu tração dianteira e o motor de 22 cavalos.



MOMENTO INESQUECÍVEL:

Presidente da República passeia de Joagar ao lado de seu criador.

Joaquim Garcia foi recebido pelo presidente da República em 4 de setembro, por Juscelino Kubitsheck. Com uma demonstração de detalhes da sua fabricação, o processo, os custos, as peças, na sua grande maioria, nacionais.
O entusiasmo do presidente JK foi tanto que foi passear com o automóvel criado pelo jaboticabalense. Que orgulho! Após este fato ilustre, único e de uma realização do sonho, veio a promessa do governo auxiliar na fabricação de automóveis em Jaboticabal.
Mas, com a pressão de grupos estrangeiros que procuravam instalar suas empresas no Brasil, o apoio esperado não aconteceu.
Em 1958, realizando seus sonhos, construiu e vendeu cinco unidades do Joagar. Concorrer com empresas estrangeiras necessitava de estímulo e investimento por parte do governo, o que não aconteceu, mas mesmo assim, até hoje, tem conservado pela família, um modelo picape, motor quatro cilindros opostos, comando de válvulas no cabeçote, refrigerado a ar, freio hidráulico nas quatro rodas, caçamba e cabine para acomodar duas pessoas.

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UM GÊNIO

Conhecer Joaquim Garcia é conhecer um gênio que pouco estudou, mas que esteve muito à frente do seu tempo. Conhecia a ferramenta certa para transformar o sonho em realidade. Sua inteligência, audácia, perspicácia foram fundamentais para ter o primeiro carro nacionalmente reconhecido.
Um músico, um pintor, um cérebro e muito a fazer.


SUA HISTÓRIA. SEUS MOMENTOS.

No dia 20 de dezembro de 1920 nascia Joaquim Garcia, o pai do JOAGAR, em Taiuva – SP, na época, distrito de Jaboticabal – SP.
Seus grandiosos pais, Salvador Garcia Morales e Dona Conceição Perez Alcaraz, não imaginavam que colocariam no mundo um gênio na área automobilística e, também, artística.
Joaquim veio para Jaboticabal ainda muito novo, junto com os seus pais e seus irmãos Pedro, Isidoro, Salvador, Rubens e Jaime. Iniciou seus estudos na escola Coronel Vaz, em seguida, no Ginásio São Luiz, hoje o conhecido Aurélio Arrôbas Martins - Estadão.
Joaquim casou-se com Maria Áurea Pratelezzi e teve três filhos, Joaquim, Henrique e Maria Áurea.
Sempre atento aos detalhes de tudo que estava à sua volta iniciou suas atividades como trabalhador muito cedo. Com o seu pai Salvador, trabalhava junto com os irmãos como marceneiro, na Avenida Tiradentes, esquina com a Rua 24 de Maio.

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JOAQUIM DAVA SEUS PRIMEIROS PASSOS PROFISSIONAIS SOZINHO

Largando a área da marcenaria, Joaquim Garcia começou a trabalhar como mecânico e aos 25 anos, após conhecimento por meio de revistas, livros e muita leitura, Joaquim começou a adquirir as primeiras peças, como torno de bancada, ferramentas e muito mais. Tudo relacionado à mecânica.
Nascia a partir daí, a sua oficina, localizada na garagem de sua própria casa, na Rua Rui Barbosa, 250. Com ele, seu irmão Jaime, torneiro mecânico, desenvolviam peças. O espaço pequeno, na garagem, começou a tomar corpo, e a necessidade de construções de barracões foram reais. Começaram, então, a construção para abrigar as máquinas operatrizes e para a área de fundição, para modelagem e fundição de peças de alumínio, ferro e bronze.
Além das peças, Joaquim Garcia, percebendo a dificuldade nas pequenas propriedades com a escassez de energia elétrica, investe em equipamentos para geração de energia. Nascia aí uma nova especialização, proporcionou moinhos de vento, aríete hidráulico, roda d´água, turbina hidráulica, entre outros.
Quem possuía equipamentos mais avançados de geração de energia, sempre importados, Joaquim Garcia passou a especializar nesta atividade para a manutenção de todos os equipamentos. Da dificuldade a solução para os seus negócios: cabeça de gênio.
Surgia de seu conhecimento e inteligência, a fabricação de pistões, mancais, virabrequins, bielas, entre outras peças, todas nacionais, com a mesma qualidade das importadas. É a valorização do produto genuinamente nacional.
Começa aí a oportunidade de fabricar carros. O que o tornou conhecido nacionalmente e o respeito sempre atuante em sua vida.



ATIVIDADES QUE FAZIAM JOAQUIM GARCIA SER MUITO MAIS ESPECIAL

Joaquim Garcia não era apenas um empreendedor nos negócios, um inventor. Ele era também, um empreendedor na vida social, na vida em comunidade. E isso fazia muito bem.
Entre os vários momentos de sua vida, Joaquim Garcia integrou os grupos da Associação Comercial e Industrial de Jaboticabal; Loja Maçônica Fé e Perseverança, sendo presidente a partir de junho de 1975; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Jaboticabal e Centro Espírita Dr. João Fernandes. Foi também presidente do Clube da Velha Guarda, do qual era sócio benemérito.
Apaixonado pela música, integrou a Orquestra Sul América. Mas o seu conhecimento automobilístico, fez com que Joaquim Garcia projetasse e construísse um ônibus que levasse a Orquestra para várias cidades, um fato que realmente mudou e auxiliou todos os membros pelo grande feito.
Além de música ser sua profissão e ao mesmo tempo lazer, Joaquim era um mestre dos pincéis. Pintou inúmeros quadros, fazendo da arte a sua terapia.



JOAQUIM GARCIA AOS OLHOS DO SEU FILHO PRIMOGÊNITO

O Sr. Joaquim Garcia nasceu em Taiúva em 20/12/1920 e foi o primeiro dos seis filhos gerados por um casal de imigrantes espanhóis que se mudou para o Brasil, logo após o término da primeira guerra mundial.
O nome "Joagar", originado pela conjunção das três primeiras letras do nome e sobrenome, foi proposto por um amigo que era "publicitário" e que constantemente frequentava a sua oficina.

Com relação aos seus objetivos de vida, Joaquim Garcia sempre quis colaborar com o desenvolvimento do país, criando produtos para facilitar a vida das pessoas. Foram muitos os dispositivos criados, desde sistemas eólicos de geração de energia elétrica para iluminação residencial rural, sistemas de abastecimento de água para estas mesmas residências, sem depender de outra fonte de energia, além dos recursos naturais, sistemas de bombeamento de água em poços semiartesianos, sem qualquer peça móvel dentro do poço (sistema "air-lift"), tudo nos anos 1950 e 1960" quando ainda não existiam todas as facilidades.
Em 1946, quando o Brasil ainda não produzia veículos automotores, todos automóveis eram importados, Joaquim Garcia resolveu projetar e fabricar o primeiro automóvel totalmente nacional, com todos os componentes produzidos na própria indústria ou no país, com exceção dos rolamentos e faróis.

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Projetou e construiu vários automóveis, peruas e caminhonetes até 1960 quando fabricou o último deles que hoje se encontra em poder de Ronaldo Gírio. Tentou em vão montar uma fábrica para produzir os veículos sem nunca ter conseguido apoio do governo ou de financiamento dos bancos. Era notório que o governo não tinha interesse na existência de uma fábrica genuinamente nacional de veículos, porque isto impediria a entrada das firmas estrangeiras Desde aquela época, os governantes já estavam interessados em trazer indústrias estrangeiras, preocupados com as "benesses" e propinas que poderiam usufruir. No final dos anos "60" foi criado o GEIA (Grupo Econômico da Indústria Automobilística) e este grupo criou então as normas para a implantação das grandes montadoras de veículos.
Joaquim mudou então, drasticamente seus objetivos, passou a produzir uma extensa linha de compressores de ar e bombas d'água. Era um incansável trabalhador e autodidata, sempre apreendeu seus conhecimentos técnicos nos livros, sem auxílio de professores.