“Meu pai era um gênio, sem estudo. Frequentou até o 4º ano, era um autodidata. Mesmo sem frequentar cursos, tinha o dom da engenharia. Em casa, que começou seu sonho. Passava a noite na sua oficina. Em 1951 construiu seu primeiro carro de dois lugares, um estilo cupê e em 1952, fomos com a família para Santos. Depois, foi a construção de carros de quatro lugares. Lembro da pessoa desprendida que era. Não tinha apego ao material. Era família, trabalho e Joagar. Passava a noite na oficina de casa. Sempre tive muito orgulho dele, pelo homem que foi. Sempre muito coerente, honesto e os filhos herdaram isso. De onde estiverem, meus pais, estão com a certeza de dever cumprido.”
MARIA ÁUREA GARCIA
FILHA - Formada em Educação Física
“Eu era um filho bem companheiro, trabalhava o tempo inteiro com ele. Meu pai sempre foi um homem sério, idealizador, um gênio como todos falavam. Eu Fazia tudo com o meu pai. Aquele motor de dois tempos, quantas histórias, tudo é lembrança. As viagens que fizemos para Santos, lembro quando chegou em Limeira, o Joagar deu problema, mas ele mesmo soldou, fez os consertos necessários e seguimos viagem. Chegamos em Santos às 3h da madrugada. Lembro como se fosse hoje.
Meu pai era um visionário, sempre estava à frente do tempo. Em frente à nossa casa, na Rua Rui Barbosa, havia um prédio e ele queria transformar numa escola profissionalizante e formar mecânicos, mas infelizmente não foi possível. Mas a vontade sempre foi grande.
Ele era um homem que gostava de família toda reunida à mesa. Muito sério, um austero. Mas um pai companheiro. Estava sempre com ele, aprendendo e viajando, onde parávamos com o carro, a curiosidade era grande. E ele todo feliz explicava tudo. Para ele era um orgulho grande.”
HENRIQUE SALVADOR GARCIA, 75 anos
Filho - Torneiro Mecânico, formado na Indústria JOAGAR
“Para escrever sobre o meu pai, devo criar universos paralelos entre meu pai e o Sr. Joaquim Garcia. "Ambos os dois" eram severos, criteriosos e seguros com relação à atividade profissional, assim como a formação dos filhos. Meu pai era um pouco mais amável, o Sr Garcia exigiu muito dos filhos, principalmente do mais velho (eu). Cerca dos cinco anos, já tinha funções específicas na indústria dele e isto nunca foi problema para mim. Agradeço por ter me transmitido conhecimentos tecnológicos e de formação pessoal que sempre foram úteis em toda minha vida. O Sr. Garcia era um professor nato, muitos funcionários da sua indústria aprenderam a profissão sob sua orientação.
Lembro-me quando ainda criança, durante as madrugadas (e foram muitas), passava pela porta do seu quarto de dormir, eu o via debruçado sobre a prancheta desenvolvendo novos projetos.
Ele era também era músico e artista plástico. Como bom pistonista que foi, participou das grandes orquestras, "Sul América" e "Jaboticabal Orquestra", época saudosa dos grandes bailes. O pistão que utilizou durante sua vida de músico foi restaurado por Ronaldo. Desde criança adorava ouvir os ensaios, tanto das orquestras, como da Filarmônica "Pietro Mascagni" da qual ele também participou. Este era o meu pai, que sempre me convidava para assistir aos ensaios. Ouvir uma sinfônica ou orquestra, ao vivo, sentado defronte ou junto aos músicos, "não tem preço". Meu gosto musical advém daquela época.
Do meu pai, como artista plástico, ainda tenho aqui em casa, quadros de óleo sobre tela ou aquarela pintados por ele. Estas pinturas fazem parte da decoração da minha residência.
Tornei-me um razoável discípulo dele, porém sem conseguir suplantar o "mestre", Tenho muito orgulho de ter sido gerado por ele. Muito obrigado Sr. Garcia, meu pai.
JOSÉ JOAQUIM GARCIA, nascido em 06/11/1944.
Formado engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia de São Carlos-USP em 1968
"Comecei a trabalhar no Joagar com apenas nove anos, ia descalço e o meu primeiro par de botinas quem deu foi o que eu considerava o segundo pai, Joaquim Garcia.
Convivi com ele mais do que amigos, mas como irmãos, com Maria Áurea, Henrique e Joaquim. Minhas lembranças com Dona Áurea são muito boas. Viajei até Santos no Joagar, fui como família que éramos. Onde parávamos era só curiosos, Joaquim fazia questão de explicar tudo a todos.
Algumas lembranças que tenho, pois há muito o que falar, são sobre a visita de Jânio Quadros em Jaboticabal, onde ele andou por toda a cidade e quando o Jogar foi para o Rio de Janeiro, no encontro com JK.
Tudo o que sei aprendi com Joaquim Garcia, com a fabricação de compressores. O meu presente de casamento foi um compressor e móveis para o meu quarto. Iniciei na Maçonaria por causa dele também. Joaquim era um homem honesto e idealista."
José Carlos Biondi, 84 anos (Trabalhou por 20 anos ao seu lado).
JOSÉ CARLOS BIONDI, 84 anos
Sócio de Joaquim Garcia. Trabalhou por 20 anos ao seu lado
"Trabalhei na Joagar por 4 anos. Tive a chance de conhecer o Sr. Joaquim Garcia e sua esposa D. Áurea. Eu formei um vínculo de amizade com eles e seus familiares. Foi uma fase onde eu aprendi muito pessoalmente e profissionalmente. Foi uma grande escola e sinto-me grata por isso. Lembro-me deles sempre com muito carinho."
EDNA XAVIER MARCHI
Foi escriturária e auxiliar contábil